Publicado originalmente em Portal Refil
A comédia dramática alemã “O Grande Golpe do Leste” tem como pano de fundo um acontecimento real: após a queda do muro de Berlim e da mudança para o novo regime, volta a circular o dinheiro da antiga República Democrática da Alemanha (RDA) que nesse período estava sendo recolhido de forma definitiva, para dar lugar ao Marco Alemão (Deutsche Mark).
No longa os três amigos Maren (Sandra Hüller de Anatomia de Uma Queda), Robert (Max Riemelt de Sense 8) e Volker (Ronald Zehrfeld) descobrem um depósito subterrâneo com grandes quantidades desse dinheiro. O trio decide, com ajuda de um funcionário do depósito – tio Marke (Peter Kurth) – colocar as cédulas novamente em circulação, não para enriquecimento próprio, mas para ajudar a comunidade abandonada e empobrecida da qual fazem parte, situada na pequena cidade de Halberstad, no extinto leste alemão, esvaziada pela migração em massa dos habitantes para cidades da Alemanha Ocidental.
O plano é simples: roubar a maior quantidade de dinheiro que puderem para adquirir bens oferecidos pelos alemães ocidentais, que nesse período traziam a modernidade para a cidadezinha atrasada.
Apesar de ter um problema de ritmo no segundo ato (o que pode fazer parecer que a narrativa está meio caótica ou bagunçada) “O Grande Golpe do Leste” é recheado de atuações encantadoras. Entre as complicações que vão de esconder as compras dos bens da polícia até a aquisição de uma fábrica falida, passando por tentar regular a ganância dos moradores, a sugestão do trisal entre os protagonistas trata a circunstância com uma naturalidade e delicadeza pouco vista, inclusive, em produções que se propõe a explorar, exclusivamente, o tema.
“O Grande Golpe do Leste” estreia no Brasil em 12 de junho de 2025, dirigido por Natja Brunckhorst, expõe o sentimento de abandono e traição quando somos confrontados com o fracasso de uma ideia, mas que no coletivo temos o apoio que, mesmo obstinadamente, sozinhos, não consigamos.